PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 4 de dezembro de 2010

UTOPIA


Primeiro; eu esperei que a alma um dia corresse por correr, desesperada de sandices, sem estar em nada inteira, mas inteira esperando o que há de chegar. Eu li nas esferas um dia, que tudo ao mar dormiria, e que sonhos são feitos do sono que há para se sonhar. Todas as montanhas, areias, ventos, exércitos – aos quais diria serem precipícios – também dormiriam inocentes, como um neném.

Segundo; eu estaria navegando sem culpa no mar do sonho, o qual vive porque é assim que se vive. Depois de tantos sóis e tantas ilhas, eu sentiria o que sentirei por haver sentido, sem culpa e dívida como no mar se sonharia.

Terceiro; como um anjo saindo da reclusão, eu contaria o que vi no descanso dos pássaros, e com asas, tal um Ícaro, engoliria o mundo que é o mundo dos pássaros. Eu diria: o céu azul. Aí sim! A sociedade seria o sonho para se sonhar, e o delírio que há de vir pelo que chamo sonho que não se guarda, mas que vem como fogo e com decisão, abrindo as portas dos corações, desejando todas as almas deste mundo que vive seco.

Quarto; tudo pronto, não se teria ao povo a fome, nem ao chefe as regalias. Não chamo a isto Revolução. A utopia excede o que é real, ela se chama sonho, pois é a palavra mais simples para a vida mais simples. Uns querem muito e se perdem. Os que querem pouco, sonham com o que se pode sonhar, e sonham muito; pois na vida, o que se tem, veio sempre do que um dia foi sonhado. O que espanta mais, é que tudo o que a alma mais quer está como um dia incomum, mas é sempre comum e simples o que se tem por vir. O futuro, digamos, é um celeste campo de esperanças. Logo entrarei no palácio que será uma cabana, numa noite linda em que não se veria o que causa dor. Para esperar o dia, que é a esperança que brilha.

Último; se um dia eu espero o que sempre esperei, só espero o que eu posso ser, e serei o que posso sonhar. Num dia que a alma não será mais desespero, por tudo inteira já tendo chegado o que se houve por esperar. Utopia é esperança! Isto é comum a todos os mortais.

Um comentário:

  1. Estimado Amigo e Irmão, que texto profundo, digno de um Poeta-Filósofo. Ele mostra a constante busca e insatisfação inquieta do Homem. É que nosso coração só encontrará Paz quando retornar à sua Casa, à sua Fonte de Vida e Luz. Abraços
    http://eugeniochristi.blogspot.com/

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