PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 5 de dezembro de 2009

SINAIS DA TERRA PERDIDA VII

VII – OS COMPARSAS DA FORÇA


Deixando a terra nova, eu colho a fumaça do céu.

Os dias passam, há náufragos, há o desterro.

Estava a terra boa repleta de sedes espumantes,

Um ar de cristal na chuva da alma,

Os sais do tempo intratável,

Um ar de riqueza e sonhos prisioneiros,

As canções da noite iluminavam aquele céu.



Os corais diante desta terra

Eram as mãos do encanto,

O gatilho das esferas,

O som estridente da barbárie.

Estava o delírio renascido,

Um sol de rachar a cabeça,

As águas então evaporaram.



Eu caí na perdição da terra,

A mesma sede de sempre.

Os olhares estalavam,

O sol da noite era o fogo do desejo.

Eu via os deuses soprando

A névoa solitária da canção.

Os meus comparsas da noite

Traziam o suprimento.

Não haveria fome por um tempo.



À terra perdida, eu dou tiros.

À terra dos fortes, eu sou um soldado da força.

Deixando a terra nova, saíram os forasteiros.

Atrás do mundo morto, que as flores amam.

Na noite cadavérica dos sonhos frios,

Eu colho a fumaça do céu

Das infinitas angústias.

Se olho pelos lados, é para conter o barro,

O brio montanhoso, o pavio tortuoso,

Nos fins da estrada.



Num traçado de fogo, o qual era destino,

Levei a dança aos corais,

Aos apreços pela arte.

À terra perdida, encontro o fim dos fins,

O começo da felicidade.



Vejo em toda vida honrada:

Virtudes raras de força,

A coragem,

Um homem escasso

Em dias de covardia.

Sei que são virtudes de liberdade.

E os filhos do desterro, soldados,

Meus comparsas, caem na graça eterna.

É a guerra da vida.

É o grito. O motim.

O horizonte que há na fronte armada.

Há o vinho e o tempo.

E o céu sobre a terra perdida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário