PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O ENIGMA DO OLHO

Numa queda repentina, dou às formas toda a perfeição submersa sob alguns versos, os retratos mortos que estão debaixo das ruas.

As maravilhas cá reluzem, dores como o sol, feras e ardis de encantos efêmeros.

Sinto o que é a pobreza, o que é o escândalo, e a forçamotriz da urdidura.

Eu nem me faço poeta, nem como se fosse poeta, nem como seria algum escritor. As visões que escapam são poemas, submersas canções do espírito. O riso estimula um tanto de pecado, outras vidas arrasadas.

Numa queda repentina, o delírio cresce até eu ser louco, louco aventureiro, louco refém das maravilhas, das mil incandescências do espírito. Quero dizer num instante todo o Eterno.

Daí se vão versos:



Os trunfos, as mazelas e os mistérios,

São a carta queimada do enigma.

A palavra se acorrenta ao verbo,

A areia é o sono do sol,

Eu deito sob o sol e sobre a areia.



Sei do mar. Sei dos ventos.

Só ignoro o coração do outro,

Que a mim entristece.

É o estalo de uma canção perdida.

A brava canção doente terminal.



As doenças são frascos de veneno.

Estou roxo e asfixiado.

Desta queda eu vi areia e sol,

Eu sou pobre – sou só vento.

Todo o meu ouro é pobre,

Todo o meu ouro.



Eu vejo cidades dentro de máquinas.

Eu vejo camponeses, pastores e pobres.

O enigma é hostil à ciência.

Fragrâncias do nada, em todo o pasto.

Pastores de ovelhas negras

Se comprazem com a perdição.

Eu caio no sono, um inferno silencioso.

Palavra efêmera.

Estive diante da Esfinge.

A forçamotriz é a fraqueza dos sonhos.



Eu me entrego – o enigma não importa!

O olho maçônico é Inferno.

A pirâmide é Inferno.

A pobreza é Inferno.

O olho de Osíris, meu devaneio.

Eu me calo. Eu me mato.

(É a peste do Faraó).

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