PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

VERBO AMAR

A REINVENÇÃO DO AMOR



A noite tem os pés macios.

(Teu corpo, de um moreno pálido,

é, como a noite, brando e cálido.)



A noite escorre nas montanhas.

(Teu corpo é carne fugidia,

que some logo chega o dia.)



A noite deita-se no vale.

(Teu corpo deita-se comigo,

que amar, na vida, é nosso abrigo.)



A noite abraça os edifícios.

(Teu corpo, treva e luz, tremendo,

faz-se um com o meu, enquanto o prendo.)



A noite entra pela janela.

(Teu corpo, aberto ao meu desejo,

é mar convulso em que velejo.)



A noite invade as tuas carnes.

(Teu corpo, que é noturno e ardente,

é carne que a minha alma sente.)



A noite esvai-se num mistério.

(E enfim teu corpo, sossegado,

dorme, depois de tanto amado.)



Assim, por sermos quem nós somos,

sabendo dar-se o que nos damos,

noite após noite um só nos pomos

e o amor nós dois reinventamos.

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