PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O ESPASMO DA COR

Quebranta, e o lume estala frio,
um âmbar qualifica a moldura,
em cada costa um pincel,
e de través a cor que a tela conquista.

Qual rasgo, um canto de dor, fere alma
e o recanto do artista, em um pincel
cabe o lustro de quasares,
como uma galáxia particular,
toda empapada de tinta.

Se o frio e o gelo, e os escuros tons
suscita, e o lume recobre a dança,
testa a cor ao olho clínico em toda face,
e plana as medidas tal esquadro.

Com um tilintar de roxo, e uma rubra azul
de amarelo ácido, quantifica a sombra
por sobre a instalação, e os ferros retorcidos
da paisagem, e um bom cantor atrás da cena,
o fauno, eis, com harpa e adoração,
como num Hieronymus Bosch,
a visão infernal, iconoclasta e lúbrica.

Queda sob luz mortiça, e o quadro maneirista
ou austero, de qual cor a cor se emula,
e os sons quasares pintam a galáxia de dentro,
e os labirintos de minotauro
cercam a cena em fundo espiralado.

Vago qual vaga, e a cor biruta
penteia o ambiente verde vivo,
e se uma flor se espanta,
o pintor a cobre de violáceo.

Voltas de um adorador, esquenta
o vermelho ocre tal marrom barro
de brio, cor do coração em fel,
cor do coração em paixão,
tal o susto e a pensata.

Vigor, no rés-do-chão, pinta o
branco lume vagar de bruma,
eis o estoico pintor,
na boca do pincel.

26/09/2016 Gustavo Bastos

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