PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 24 de agosto de 2013

FERVENDO NA PENUMBRA

Na rua da estrela o palco era denso,
como em outras épocas
em que cortava carnes
para o meu espanto.

A sede também era densa,
não havia água nos becos em que chorei.

As almas penadas dançaram
na sala da meditação,
cada monge tem sua cor
e minha manta é vermelha,
assim como a luz violeta
é apenas o sinal da concentração.

A boemia tinha seus espasmos,
um velho cantarolava
nas orelhas das putas,
um homem esfaqueado
pedia socorro,
e um ar alcoólico
tomava o palácio
daqueles miasmas.

Eu não sei o que havia
na mancha da penumbra,
o ópio era o meu arsenal
benquisto na mão das fadas.

Outra vez esperei uma salada de livros,
tinha de tudo, de Tom Sawyer a Budismo.
Viajei pelas noites do Tibet
com vigas de levitação,
não havia céu mais limpo
naquela canção vindoura,
os livros que estoquei
na calma biblioteca
tinham ouro encalacrado
em cada ritmo
de pena perdida.

Pensei que de rubra dor
os poetas silenciavam,
mas notei que caíam versos
no assoalho em meio
a uma tempestade de neve,
os poetas se afogavam
na nitidez do poema,
os versos eram de época,
e os sândalos estouravam
na coda magistral.

24/08/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

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