PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quinta-feira, 28 de março de 2013

FEROZ E AMOROSO

Céus que choram nas nuvens azuis,
o corpo do morto jaz na flauta doce.
Céus, dos mais pueris, plúmbeos e róseos
registros da terra, cauda do cometa
na flor séria das ametistas.

Com o solo de violino,
com o chorar da rosa
explode ouro maciço!

Nas águas das flautas doces, ó morte!

Céus que zumbem nos topázios
com suas águias e falcões,
suadouro do trabalho das asas,
verde riso da terra suada,
dor hirta dos lenhadores.

Foge o poema? O poema foge?
Onde o caracol de tua hipnose?
Onde? Onde?

Faz de conta que tudo ruiu,
faz que tudo sabes
e diz isso na livraria,
os bibliotecários que nada sabem
de pássaros crerão
que tu és santo
e sublime poeta,
e pensador das razões
se saberá.

Depois, com os olhos na rubra flor
dos mundos ignotos e ignaros,
fará da filosofia o pensamento redondo
das teorias sobre as mazelas,
os olhos verão o sol na palma do céu
com todas as sonoridades do além.

Os dias te serão leves
no ar da bondade,
o girassol em teu corpo
fará do ritual poético
um susto e febre
de visionários.

Com a leveza em teu pensar
a lua ditará o ritmo
da pena no despontar
dos uivos da madrugada,
ó sublime canção,
ó tempo do ferro
no coração!

Tua veste azul turquesa
no silêncio do mar do vinho
eclodirá como tempestade
depois de um grito louco
de vermelho-paixão,
e todas as aves se aninharão
em teu peito explodido
de rosas vermelhas-paixão.

Com a aurora da poesia
o teu canto soará terrível
em praias desnudas
de delírio nos trópicos,
com os pólos em teus pés
de sonho congelado.

A vida, com o erro prosaico,
demudará em eternidade
com o girassol
em tuas têmporas,
poeta do sal e do sol
do mar mais alto
da ilusão!

Com o fermento da noite,
na faixa enluarada
de um romance sadio,
verás no estampido
de uma galáxia
os olhos fixos
sobre o corpo mesmerizado
de uma deusa
em tua boca,

versos cairão da mão
como banho em águas mansas
no átrio dos livros
que sacodem a penumbra
dos lares carcomidos,
e tua luta terá sido
a mesma da poesia
com os lampejos da dor
como fuga em toda santidade
que se tem em cruz
e temor,
na flauta doce
de um amor.

28/03/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)

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