PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

terça-feira, 22 de março de 2011

O Poema da Patuleia

Que se faz, juventude explode,
na raça e no poema
da vida que rosna e ataca.

Ventre rompido pelo sêmen,
boca adestrada pela língua.

O dente afiado para a carne
é o grito no asfalto
que corre nas ruas.

Poetas marginais são ladrões
de versos temerários.
Os horizontes maculados de fogo
são orgias poéticas
no sol vermelho
que lampeja
nos olhos.

A patuleia se agita em Copacabana.
Sangue bandido escorre
na vida da varanda,
um esteta morre ao brincar
com a porra e o desejo.

Não sou daqui, desta sujeira,
poeira na cauda de um furacão.
Sou o exorcista embalsamado
de antiguidades barrocas
num lance moderno.

Na janela da magia
se pode ver
o socorro mordaz
da casa poesia tinindo
de robusta.

Atravesso a cidade,
um ar de frigorífico,
de lixo remoído,
de fumaça tóxica,
paralisa as minhas narinas.

A criança, também aberrante,
chora pela mãe alcoólatra
que tira a roupa
e grita por desespero.

Os mendigos, sábios urbanos,
enlouquecem de fome
e secam seus corpos
fumando crack.

A vida é uma dureza
nestes tempos tão azedos
em que cada um se faz
de dia e de noite
como os horrores
dos jornais.
O dia passa e todos dormem.

22/03/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário