PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 17 de outubro de 2010

AS DISTORÇÕES DA PERCEPÇÃO

AS DISTORÇÕES DA PERCEPÇÃO




“See me like a man, not a God.”



É tão odiável ser superestimado quanto ser subestimado. Num momento você se torna o rei do pedaço por ter feito algo tão inútil quanto um domingo sonolento, depois acontecem coisas horrorosas que te jogam no limbo novamente, e nem adianta fazer uma obra extraordinária e sonora, os ouvidos dos idiotas são moucos.

É como no caso de pessoas que só são reconhecidas tardiamente, ou que muito cedo são tomadas de glória e se perdem na egolatria e no culto da personalidade precoce e destrutiva, e quando morrem estão sozinhas e apáticas.

Não é que tudo não passa de uma distorção? Ou te veem numa lente de aumento, ou te veem no nível anônimo de um micro-organismo. Deveras irritante esses extremos da fama e do esquecimento, não existe caminho alternativo? Tal como ser reconhecido pelo que fazemos sem precisar se tornar uma celebridade, apenas uma figura “cult”? Talvez seja necessário que tenhamos que apanhar, brigar, xingar, chorar e quase morrer, e depois? Sobrevivemos, sobrevivemos, sobrevivemos .... e vivemos.

Quando se é superestimado perdemos a noção do que é adequado ou de “bom-tom” e nos tornamos afetados, tal como se fossemos um ser especial, diferente dos outros, um ser que merece uma atenção específica e de um cuidado tal que não nos dá autonomia e pode deturpar nossa autoimagem ou prejudicar a inteligência e transformar um gênio num idiota egótico, ou ainda transformar um talento promissor num chato narcisista.

Do outro lado, porém, depois da festa e do “oba-oba” vem a verdade, ninguém está nem aí para você, ninguém precisa de você, e não adianta fazer nada, as pessoas só dão atenção para entes consagrados, “e o caminho está fechado para nós, que somos jovens ...”. Ou seja, depois da idolatria precoce que gera autodestruição e uma distorção do ego numa egotrip esquizofrênica, colhemos as cinzas do que ficou, e o que ficou foi a inteligência, essa (a inteligência) sobrevive à tudo, é o único bem de que podemos usufruir e cultivar eternamente, nascer inteligente é uma dádiva divina, e as pessoas burras, me perdoem, são insuportáveis.

Então eu peço e imploro por um caminho alternativo, nem culto do ego e nem cegueira para novos talentos, esqueçamos um pouco dos “consagrados” e olhemos para quem está vindo e que estão com fome de serem ouvidos, não se façam de idiotas, palhaços e hipócritas fingindo que nada aconteceu.



“Das cinzas do que me resta, sou o navegante do eterno coração pulando entre os mares do destino que se banha no sol e que se faz de sonhos.”



PENSAMENTOS LIVRES



17/10/2010 Gustavo Bastos

Nenhum comentário:

Postar um comentário