PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ANUNCIAÇÃO MILENAR

Minha rosa celestial

Dos albatrozes rasantes,

À esquerda, à direita,

Dando voos sobre os temporais.



Quando eu bebia néctar

Sem o saber

Que era essência do tempo,

Sem bem saber

Que fui mãe outrora

Dos meus versos,

Sem tanto saber

O que dizia, sabendo-me

Oráculo e terror infantil.



Joguei a canastra real,

Deixei o tabuleiro de xadrez

Com ar de lírios ocultos,

Pude rever-me Faraó

Em longínquos sóis desertos,

De tudo em pranto

Pus-me na areia do infinito,

Quando era solteiro e virgem

Como um brilho sobre o funeral,

Como um vinho purpúreo,

Com as velas acesas há tempos

Nos ritos de passagem

Ao buscado cosmos

Dos préssocráticos,

Bebendo a essência do romance

Com o amor de todas as coisas vivas.



Com um órgão especial

Da alma, pus fim ao todo

Num recanto de ilusão,

Via Láctea em espiral

Para dentro do meu sexto sentido,

Assunção do êxtase

Como se dissesse adeus

Ao invés de boa tarde.



Tão longe da beberagem,

Dos conflitos interiores,

Desta mesma alma

Que vos fala

E desfalece em delírios

Astrais.



Com vinte séculos cristãos

Que se fazem

No limite mórbido

Completo e absurdo

Do novo prefácio

Ao novo século

Do milênio a que se dá

Um início turbulento.



Somos a mãe e o pai

Desta época abissal,

Poeira de infinito

Num raio de percepções.

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