PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 10 de abril de 2024

A PRAIA DO SONHO

Vigia ao fim da estrada, 

onde o deserto seca a pele,

e a sede quer o mundo da água, 

a mais líquida de rio,

de lagoa, de um mundo terrível 

de chuva, de tempestade.


Sim, bateu o casco no fundo, 

na ponta da pedra,

na hora do musgo, 

na ilha dos peixes,

na ira do murro, 

em que o capitão deu

um tiro na cabeça.


O marujo bebeu rum

e caiu de cima do convés, 

o todo deste mundo de

vinho e viração, no estalido,

virou um tombo barulhento, 

em que a caravana morria, 

quando foram retiradas

as carrancas das proas,

neste cenário do mar.


Em canto radical,

agitado, intempestivo,

violento neste painel

da morte e da vida,

veloz como o sonho,

terrível neste marulho

que atordoa, se joga

o último idiota.


Na plenitude de sol

que seca e queima

a pele, morre de 

insolação o viajante,

já na areia.


Este homem doente caiu,

com os ossos ressequidos,

as vértebras estouradas,

o coração rijo, os membros

espatifados, e um poema

louco nasceu de sua espada,

e outro poema de seu escudo.


De sua carcaça, ao fim,

já no crepúsculo da praia,

surgiu este livro de sol e mar,

testemunha ocular

destas histórias.


10/04/2024 Gustavo Bastos 

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