PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

ODE AO SENHOR DA POESIA

Ainda soava o alarme da manhã,
dando voltas a chave abre o recinto,
os poetas ainda dormem,
desde os antigos aedos ou rapsodos
aos moderníssimos slams declamatórios,
eu ainda insisto no verso absinto
de meus láudanos laudatórios,
encômios pastosos de frontispícios,
panegíricos levando solavancos
de idílios na senda dos madrigais.

Ainda soava o alarme da manhã,
e os poetas acordavam
de sonhos tranquilos,
de ilusões confortantes,
de loucuras suaves.

Ainda dobrava o sino da tarde
quando bate continência
o soldado e sua farda,
quando já no alto da torre
se jogava Safo, a bela
do penhasco, com seus sóis
de ópio sobre as flores
mádidas de um rio caudaloso
em que morria a flora profunda
de uma ofélia teatral,
eis o sismo dos versos
em seus atavios de fortuna.

Já dobrava o sino da tarde,
corriam os sentinelas
com dores de pães ázimos,
com revoltas de guerra
sobre os leitos e fios d`água,
com ritos de passagem
nas hordas tribais.

Ao cair da noite o choro fumava
aos átrios do teatro
e seu proscênio dionisíaco,
seus fumadores de cannabis
sonhando deveras
os mais altos delírios
de grandeza,
seus pensadores concebendo
todos os dons divinos
dos mais altos voos
de leveza.

Ao cair da noite a morada
dos anjos botânicos
abriam as pétalas
mirando as damas da noite,
pois ao cair da noite
temos abóbada celeste
em canto de trinado estrelado
que vai do cometa à supernova
ao ver o plenilúnio
das odes que madrugam
felizes.

15/11/2018 Gustavo Bastos

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