PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O VERÃO DO AMOR E O MOVIMENTO HIPPIE

“O que representava o movimento hippie como tal era a utopia”

VERÃO DO AMOR

O chamado “Verão do Amor” aconteceu em 1967, num contexto de revolução cultural e de costumes que veio a ser intitulado contracultura, mudança radical de comportamento de origem na juventude que surgia naquela época, e que terá logo os seus reflexos na arte, sobretudo na música, mais especificamente no rock. Este Verão do Amor tem a sua origem numa passeata pela paz no dia 18 de abril de 1967, em Nova York, num movimento que envolvia o protesto contra a Guerra do Vietnã, formando um grupo composto de intelectuais, músicos, uma parte da classe média, e os hippies.
No meio disso, o movimento de contracultura que surgia migrava para a Califórnia, mais especificamente no distrito de Haight-Ashbury, em San Francisco, que será o epicentro do movimento hippie e do rock psicodélico, distrito no qual nasce uma nova cultura de muita música, consumo de drogas para a expansão da mente, esoterismo oriental, filosofia comunitária, ideal de liberação e liberdade, e a prática do amor livre. Eram pessoas que “fariam amor, não guerra”. E a parte crítica do movimento ia em direção de afirmações contra o racismo, contra a destruição do meio ambiente, contra a guerra e a violência, num mantra de paz e amor, e contra a cultura consumista capitalista.
Todo este movimento tinha os seus gurus, que podiam ser, por exemplo, o professor universitário e pesquisador de drogas sintéticas, como o LSD, Thimothy Leary, e o poeta beat e ativista Allen Ginsberg, prenunciando uma nova era de uma cultura de amor e de paz, utópica, feliz e hedonista.
Um dos começos do movimento de liberação dos costumes foi em janeiro de 1967, quando se deu a reunião ‘World’s First Human Be-In’ no Golden Gate Park, em San Francisco, que tinha milhares de jovens que cantavam e dançavam, cobertos de flores, colares e pulseiras de contas. E então San Francisco recebe logo 100 mil hippies no verão de 1967, que foi logo chamado de “Summer of Love” (Verão do Amor), e que virou na verdade uma reunião de 200 mil pessoas, todos no distrito de Haight-Ashbury.
Na música, que era uma das atividades principais que nutria este movimento, temos a composição “San Francisco”, que tinha um verso que dizia “Be Sure to Wear Flowers in Your Hair”, e que foi lançada em junho de 1967 como uma forma de promoção do Festival Pop de Monterey, música que virou um hino deste verão, composta pelo membro da banda ‘Mamas and The Papas’, John Philips, e que foi cantada por Scott Mackenzie. 
O Festival Pop de Monterey foi então realizado na Califórnia em julho de 1967, e no qual figuravam músicos ou bandas como Jimi Hendrix, Ravi Shankar, Janis Joplin - ainda com os Big Brother and the Holding Company -, Otis Redding, os Mamas and Papas, The Who, dentre outros. E um dos acontecimentos marcantes do festival, que tem um registro em vídeo bem conhecido, foi quando Jimi Hendrix incendiou a sua guitarra.

OS HIPPIES

Os Hippies formavam a contracultura, isto junto com o Movimento dos Direitos Civis e a Nova Esquerda, sendo o termo “Hippies” publicado pela primeira vez no artigo “A New Haven For Beatniks”, de 5 de setembro de 1965, no qual o jornalista Michael Fallon em San Francisco se refere com a palavra aos beatniks da nova geração que tinham se mudado de North Beach para o distrito de Haight-Ashbury, sendo o termo massificado apenas em 1967, quando se dá o seu maior fenômeno, que é o Verão do Amor.
Um movimento de afirmação de novos valores revolucionários, sobretudo nos costumes e comportamentos, numa educação liberal ou liberada, crítica do status quo, este que tinha como principal bastião o consumo e seu estilo de vida pré-determinado, movimento hippie que se afirma como um novo tipo de utopia, de filhos egressos da classe média americana tradicional, com uma mistura de maconha, LSD, esoterismo oriental, liberação sexual, expansão da mente, vida comunitária, e claro, paz e amor. Tendo na música um movimento de rock psicodélico, que também tinha a fusão de elementos do folk e do blues.
Aparece então a figura vestida com calças boca de sino, com cabelos e barbas compridos, a imagem da contracultura, com o predomínio do rock, numa luta civil contra todo tipo de opressão, contra a guerra, uma cultura pacifista e muito utópica, em San Francisco, se expandindo para outras cidades dos Estados Unidos, indo parar na Europa, influenciando também a Primavera de Praga, movimento nascente que foi do distrito de Haight-Ashbury, um lugar que passou a viver as cores psicodélicas, o desbunde de incenso, orientalismos e a droga símbolo do movimento hippie e da contracultura, que foi o LSD (dietilamida do ácido lisérgico). E o modo de vida que era a vida em comunidade, um estilo alternativo de um mundo novo. Tudo isso dando origem à psicodelia, fundamento psíquico que nutria a liberação hippie.
O que representava o movimento hippie como tal era a utopia, e esta não se associava, na sua fundação essencialmente comunitária, com a antiga cidade-estado grega ou aquela descrita por Platão na República, e nem se filiava à imaginária concepção da Utopia de Thomas More, tem mais um pé na Arcádia, de uma vida pastoril, romantizada, numa comunhão com a natureza, e que poderia virar um pequenino país paralelo aonde todos os desejos eram realizados, nada mais utópico e revolucionário.

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário : http://seculodiario.com.br/36205/14/o-verao-do-amor-e-o-movimento-hippie




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