PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 9 de setembro de 2017

CANÇÃO DA PANAMÉRICA

Com as pedras dos castelos, dorme
a cúpula gótica.
Entre os mármores mais densos,
os ossos da estátua do gigante que dá
suas galimatias com geometria,
com tons geológicos que abrem a fenda
com dentes de grito,

as avencas saboreiam o mar turvo,
as anêmonas fazem sal e queimam
a pele do pescador,
sinto em auroras o cais misterioso
que irrompe por entre frestas
de ondas e a espuma como
vaticínio,

profetas como cassandras marinhas
sulcam as ancas venusianas
deste mar e d`além,
no ritmo das noites infensas
ao sopro de vida,

urdiam ali nereidas com flâmulas
os ocres e áuricos sonhos
como poemas rútilos
dançando entre notas
e sinestesia
de música
e frenesi.

A ciência hipnótica dormitava ainda
nesta fase da evolução dos
sem asas,
a rebeldia ainda tateava
seus sonhos
com anarquia
juvenil,

louvores e adoração faziam ao
sol invictus
febricitantes
césares,

com a flor mais terna
ali sentia o poema
uma senda e um porvir,
de aurora em crepúsculo
viajava por Europa
e orientes mais vastos
o coração ensopado
de mar,

pois, das veredas mais quentes
a alma deliciava o corpo
com metafísica de céu
nos devaneios
do êxtase,
e este buda menino
sussurrava canções
de nirvana,

ventos lívidos e zéfiros
de boreste culminavam
com os ares de pólvora
dos canhões da armada,

febre de tiro com os ardis
da invasão corsária,
dos roubos dos tesouros
em mãos de fúria,

das litanias que combatiam
com rezas a sedição,
a revolta dos encarnados
contra as falanges
que avançavam
em todos os flancos
da nação de panamérica,

e o sol que fervia
nas têmporas
dos guerreiros
vermelhos
que eram inspirados
por xamãs
na madrugada
estrelada
da abóbada
sobrenatural
das alucinações.

09/09/2017 Gustavo Bastos

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