PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

terça-feira, 2 de maio de 2017

VENTURA

Balada em ritmo meloso,
dança e melopeia,
alvor langoroso
que dá suspiros
exangue.

Flecha que da seta ataca o coração,
e que na tez da sombra é fúria
e anarquia.

Ouro recanto e fulvo espanto,
maviosa chama que de música
à flauta e ao tambor
poema tece.

Logo o poeta se firma com messe
e levita sobre os ópios
que na casta hindu se dormiam.

Luzidio campo sobre as rosas,
estrelas seriadas pelo verso
que ao langor do rio se esmera.

Rosas lívidas, como em verso
o estupor lhe cobre a face,
e o livro fremente
aqui ao esguio grito
um ser de dores
no prazer se expande
tal cometa e cosmos.

Venha corolário, axioma das
ventanias com luzes e o sopro
mefistofélico das ranhuras,

logo os poetas brandirão
seus cartapácios como novas
alusões ao sonho totêmico
e momesco das artes
de riso e harmonia.

Langor dos fumos,
ventre extasiado,
lenho que no peito
a flâmula se esbalda,

verte meu campo de ébano,
meus senhores de delírios,
ao tambor que rebate
por entre os mognos
e os cedros do Líbano,

oh poeta, me dá a marcha
à floresta!
oh poesia, me acerta a flecha
ao vermelho da festa!

Poesia, que sois todo o poder,
dá de madeira à lei natural
meus dias flutuantes
de opioides.

Todos os delírios da noite
são meus, oh visionários
que na aurora são poetas!

Meu silêncio é uma nave
expandindo seu canto estelar,
nas galáxias que explodem
em supernovas,
nos quasares quase ares
do poema que vira ventura.

02/05/2017 Gustavo Bastos

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