PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quinta-feira, 4 de maio de 2017

CANTO DAS TORRES

As torres da vereda se espalham
em seus mármores, campos verdes
como os montes que são azuis
vão pela via férrea,

doze apóstolos carismáticos
batem tambores no meio
da sarça, nobres vinhos
cantam a liberdade
como seus ataques
de fúria.

Oh, venham todos, assobia
o sentinela, arrulha ave pasma,
desvenda teu segredo
o convés de pedra
no jardim do espanto,

oh, torres esculpidas em delírio!
venham, venham,
motores poluídos de sal,
senhores exploradores
de sonhos,
caveiras sulcadas de terror,
sim, veias roídas
de estupor,
venham, lobos furibundos
da pradaria, estepes rubicundas
com sermões mnemônicos
mimetizados por rapsodos.

As torres anunciam:
o primeiro monge franciscano
se terá em luxo por
toda a plebe, um rico fantasista
com suas odes de nababo,
um senhor das elites
mais alienadas,
o renunciante mais
embasbacado
do castelo
num céu de
diamantes.

Pois tem, pois venham.
De súbito o poema
é este:
versos lenhosos
de cedro,
potência e ato
com acordes monteses
sob a mais alta
inspiração
solar,

poema versificado
como um grande sol
na bruma do farol,

poema em lua rotunda.

04/05/2017 Gustavo Bastos

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