PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

LASCAS DO MONTE

Debaixo do céu que me quer
encalacrado
com mil de cá - sílabos?
Dois mil por viés,
diante da esfinge.

E que o neon me deixe bêbado.
E que os quereres sejam
antes de serem póstumos.

Debaixo da morte:
o poder rútilo
da vida,
como em meu ninho de faraó,
como em meu nicho de cabrobó.

Fumo um estalo, neon anárquico,
disco voador.

O céu me aquilata
como ourives
das estrelas,
fome esbelta de golpe militar,
fome rústica de bolchevique,
ditador da penúria
em minha democrata
luta
de ter-te assim na minha mão.

Com os filhos eu os torço
nas mãos das viúvas,
com os netos
os dou ao vento terral
de quebra-mares,

ao vinho o estampido
como gira
em que desce exú
e o riso,
como vidro espatifado
que revela aos montes
a lufada de bafo
no espelho.

O poema, bruta flor,
quer-te céu sobre o monte,
quer-me feroz
como um vinho.

O poema, tronco de lenhador,
queima meus dizeres
como o cartaz
de um cine-fotogramas
em lampejo
de antigas canções.

07/09/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)

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