PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 16 de março de 2014

VEIOS DESCAMPADOS

Pela rua, ao silêncio da noite,
o inferno em festa faz sua cura,
dos doentes ao sol, a flecha corta o sol.

Pausado o canto, a febre densa
estala nos altos dos píncaros,
estrela férrea de chumbo,
ombro de prata no caos noturno.

Eis o templo: duas carnes maduras!
Ao sol o menino dançou com suas caveiras,
um olho seco na areia morreu de bruto dia.

Calo o peito, peito ferido.
As águas, da funda pólvora,
dá à carcomida luz o emblema,
faustos de lápides
ao veio das esculturas,
o sol é o riso estranho e macabro,
como na luz das veredas perdidas,
como na sombra dos campos inférteis,
o sol posto e a lua augusta,
fervendo o tempo no cais ferino,
luta corpórea de dois amores sólidos,
como no negativo preto e branco
dos beijos de sal,
como era na noite
de uma lua bem-aventurada.

Eu digo ao poema, na certeza da sarça:
que de fogos o mármore e a cal,
pintura escultórica de rostos esponsais,
como na carne se figura o dia,
e a alma noturna
se encerra de mar,
e o alto sonho febril,
com suas marcas,
encarna toda a filosofia solar
da iluminação espiritual,
e o paiol de fúria
mata pássaros
no corte denso
dos caçadores
de coração.

13/03/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)

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