PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 5 de agosto de 2012

A METAMORFOSE DO RIO

Passando pelo velho rio caudaloso,
escuto as estórias e lendas,
um espírito zombeteiro
flutua na nascente
com flores de cobre
e desandando a falar
dos horrores da floresta.

Uma mesma fonte
mata a sede
dos cavalos.

Um mesmo rei
corta as cabeças
dos súditos.

Eu atravesso o sistema
com a náusea do dinheiro
nos pés da revolução.
Eu saúdo Che enquanto
canto em gestos
a queda espiritual
dos andarilhos.

O rio estranho da iluminação
me invade todas as cores
em todos os meus poros
com o arrepio do miasma
na pele bronzeada,
e os cavalos correm
tresloucados.

Pescando entre régios elementos
de vinha e sarça,
o fogo venera
a luz incontida
do mundo.

Os carros na distância
batem e capotam
por aí depois
da noitada
frenética.

Eu dou uma galimatia
e depois um salto
no escuro.
As trevas são noites sem fim
no inverno dos amantes.

O rio corre impassível,
o espírito zombeteiro
se desfaz em fumaça
e cai um lençol branco
sobre a água,
logo ele fica vermelho
e o rio fica vermelho.

A água transmuta em vinho,
o vinho do sangue da juventude
na ponta da espada
que quer poesia
no espelho d`água
do rio que se perde
no mar do infinito.

04/08/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)

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