PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 1 de abril de 2012

A BOA LUTA DO GOVERNO DILMA


     Dilma foi uma criação de Lula para a sucessão de seu governo, Lula apostou e ganhou, o PT está em sua terceira legislatura. O grande problema ou virtude é que Dilma logo tentou se “descolar” da imagem de Lula. O primeiro ano do governo Dilma foi turbulento, politicamente e economicamente. Na política, escândalos de corrupção em vários ministérios e as consequentes demissões dos ministros envolvidos. Na economia, um baixo crescimento em 2011 e a inflação batendo o teto da meta.
   Dilma, criatura de Lula, ganhou as eleições e levou consigo uma ampla base aliada. Porém, logo o problemático presidencialismo de coalizão revelou o seu verdadeiro significado: toma lá dá cá, fisiologismo e clientelismo. A herança maldita de Lula reverberou no governo Dilma, e Dilma se viu obrigada a romper com o paradigma do lulopetismo e se tornar ela mesma, não apenas uma criatura artificial inventada por Lula.
   Logo se criou o mito de uma “faxina” ética. Lembrando que esta não foi deliberada pela presidenta, mas sim o efeito de escândalos entre ministros na mídia, ela não deliberou combater a corrupção ministerial, ela foi obrigada a isto ipso facto. Foi neste ínterim que Dilma ganhou apoio popular massivo a favor de sua luta contra as engrenagens fisiológicas da velha política do lulopetismo pós-mensalão.
   Este ano não foi muito diferente, as demissões ministeriais ficaram para trás. Agora Dilma se vê numa batalha campal contra setores da velha política de raposas, caciques e quejandos. O PR esperneou e saiu da base aliada depois de não ter tido sucesso nas suas sugestões de nomes para o Ministério dos Transportes, os senadores do PR foram para a oposição, uma vez que Dilma só aceitava o nome de Blairo Maggi (PR-MT) para o cargo ministerial e o mesmo não quis deixar suas atividades privadas para assumir os Transportes. A crise agora saía da simples questão de remanejamento ou higiene ética nos ministérios para uma luta dentro do Senado que resultou na derrota do Executivo na Casa, o nome indicado pela presidenta para a direção-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Bernardo Figueiredo, fora recusado pelo Senado. Dilma ficou irritada, mas aceitou a sua primeira derrota no Parlamento.
   Num movimento ousado e perigoso, Dilma respondeu tal rebeldia da base aliada com a retirada de Romero Jucá (PMDB-RR) da liderança do governo no Senado Federal, colocando em seu lugar o senador e ex-governador do Amazonas, Eduardo Braga também do PMDB. O xadrez político então ficou bem disputado, logo as velhas raposas se mexeram e colocaram o nome de Jucá como relator-geral do Projeto de Lei Orçamentária de 2013, José Sarney e Renan Calheiros não dormiram em serviço. Logo depois, outro enfrentamento de Dilma, saiu o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) da liderança do governo na Câmara e entrou Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ficou um rumor tão grande logo após estes movimentos bruscos do xadrez político, que as discussões e votações da Lei Geral da Copa e do Novo Código Florestal foram adiadas uma semana até a poeira baixar.
   Lula, depois destes fatos, declarou que Dilma estava fazendo uma boa luta, isto é, os tempos mudaram, e agora o fisiologismo e o clientelismo devem dar lugar ao interesse público, será que vai dar certo? Dilma é uma pessoa corajosa que, apesar de ser inexperiente politicamente, tem capacidade de gestão e está empenhada em mudar os rumos desta política obscura do toma lá, dá cá.
   Dilma terá de enfrentar velhas raposas e caciques vitalícios da nossa política nacional, o conflito já está aí, os efeitos colaterais deste combate pode ser a fissura irreversível da ampla base aliada construída nas eleições de 2010, mas se o resultado for o fim do fisiologismo e do clientelismo, por que não?
 
   01/04/2012

    Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

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