PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 30 de outubro de 2011

FRAGMENTO DEIXADO NO HORIZONTE


   O que eu sei, se pouco tenho a ideia exata,
   É o enorme universo no cair dos horrores.
   O que eu sei, enfadonho artista,
   É o meu pouco exato sentimento de esperança.

   O que eu sei do mundo é um enigma
   Pouco secreto, os celestes não renascem,
   Os campos morrem como devem morrer,
   Os celestes não ouvem,
   São deuses olvidados,
   O enorme universo
   No cair dos horrores.

   Fartas nações infaustas, nações aleijadas.
   Farsa farta! Farta de mim, farta de todos!
   Descortinado o uivo do sempre,
   Deuses celestes não me veem,
   Não vêm, não copulam.

   O que eu sei não é exato, nem é mistério,
   Mistério não se deve ver,
   Cegos não devem ver,
   Surdos não ouvem gritos,
   Castrados não querem prazer,
   A carne não vai temer a carne,
   Desovaram o uivo do sempre.

   No cair dos horrores
   O enorme universo,
   Cerimônias que a ideia não consola.
   Deve estar longe a estrela,
   Deuses celestes não me veem,
   Não me ouvem porque não querem.

   Castrado foi o povo. E o mundo é pouco.
   Muito é pouco. Nações não copulam,
   Não se amam.
   O que é meu, se pouco eu tenho,
   Não é mais ou menos valoroso.
   O caráter não mede o instinto.

   Instinto: a carne quer a carne.
   Instintos copulam, corpo-a-corpo,
   Tudo é ar de luxúria, selvagem,
   Do pouco farto mundo.
   O mundo que não é muito,
   E que pouco me falta.

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