PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

TROMBETAS NARCOTIZADAS

O inescapável está em tudo. Não há folia que me regenere a tempo de não morrer, pois se há tempos eu não me dou com nada, é que em nada me perco ou me rejubilo. Na internet tem um bocado de coisas inúteis, tem as sacadas do twitter como um grande celeiro de pensadores de curto prazo. Ai que saudade que tenho da minha infância querida ... mentira! Eu penso que tudo tinha que parar nos trinta anos, nada de ficar velho ou adolescente pra sempre.

Mas, vem cá, temos que mudar o tempo todo? Não é isso uma falácia sofista ou politicamente correta? Mudar para pior é uma opção bem justa, mas o problema é o que se faz de tudo que aprendemos na vida, não se tem com exatidão as desventuras e dissabores, pois o que se vende nos “phármakons” é a felicidade, uma pílula, uma injeção, um botox, um silicone, uma dúzia de puxassacos, então está tudo certo. Não é? Não!

Pois o que viver decerto feliz e satisfeito, se não há saída para o “Ai que tédio” das redes sociais? Vou adicioná-lo na minha fazenda de macacos, vou marcá-lo na minha home e te comer como um bife mal passado. Vou vomitá-lo nas durezas de um drogado de heroína em síndrome de abstinência.

Sem mais para nada, não estou nem aí. O fato é que um economês corriqueiro me faz dançar no superávit do amor desenganado, mais sutil que o ataque de kamikazes no meu pesadelo. Eu viro a fatalidade no psicopata que aniquila sonhos numa feira de masturbação e consumo de anarquia. Não, eu não bebo mais, agora sou um cristão que ouve black metal, um splatter decente e convertido aos trâmites para se chegar ao céu. Nada me interessa a não ser um prado verde na eternidade benfazeja.

De um lado ao outro vejo que as notícias são ruins. Bad news man, as gaivotas não moram mais aqui, o voo que você esperou ao fumar um baseado era mentira, e o cigarro que você fumou era paraguaio, perdeu playboy! Agora as armas são minhas, as mulheres são o grande embate da macheza viril em crise. Nós somos tolos, o vitupério desta mancha sobre o que é certo a se fazer culminou num ataque às torres gêmeas e ficou um gosto de sangue nas bocas dos talibãs.

Não que seja certo invadir o hospício com mensagens bíblicas, mas não há saída, tudo é inescapável, a morte é peremptória, o que falta ao mundo é um pouco de luta por ideias verdadeiras e não por desejos de poder e glória humana.

Há uma luz divina nos cimos da alucinação beatífica, um convés, um cais, e a CIA vai matar todos os pobres imbecis com crack, vamos fumar esta merda para ver o que acontece? Não sei, a vida é uma ilusão permanente de ódio aos deméritos e sofreguidões, odiamos a tristeza e o mercado prega a salvação através das posses, não fico com o mundo e nem com suas ideias, sou idiota o suficiente para me matar antes que a degradação invada o meu pequeno mundo informacional de twitter e facebooks da vida, apenas rio de soslaio com uma satisfação medonha de um “diabolus in musica” e uma canção campestre dos bardos fugidios, campos mortos de assunção angélica e litros de vinho eterno nas cabeças dos poetas.



26/02/2011 Delírios (44)

Gustavo Bastos

Um comentário:

  1. Um poema filosófico! É o maior tributo que se pode fazer ao acervo cultural de tantos séculos de pensamento. E você sabe fazer isto muito bem, principalmente nas labaredas que aquecem o cadinho da reflexão para transformá-la em ouro filosófico. Abraços Irmão!

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