PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 9 de maio de 2010

NECESSIDADE DO OCASO DOS CORPOS

Há tempos que eu pensei em um fim de minha vida,

Eu que tive sonhos de encontrar a matemática dos astros

E a mecânica perfeita sob o caos dos átomos,

Eu que anunciei aos transeuntes da rua ao lado

A perdição de um dia sem sol,

Eu que bebi a tempestade e que delirava

Por um doce lar na estação do verão,

Eu que observei com olhos de cientista

Os menores espasmos da natureza,

Eu que olhei para o nada ao ver o horizonte

E ter nele o mundo que nunca verei,

Eu que estive com febre ao olhar calendários

De mulheres gostosas seminuas,

Eu que não me preocupei com o que me bastasse

Porque nada nunca me bastou,

Eu que montei nos cavalos selvagens

E que enfrentei o leão da montanha,

Eu que cavei areia nos desertos

Para montar castelos tão vulneráveis

Quanto o corpo humano,

Eu que nunca aprendi um instrumento musical

Por já querer ser músico

Sem notar as notas,

Eu que nunca parei para olhar o tempo

Porque ele nunca para,

Eu que, num instante de desejo,

Tive que sentir arder a minha alma

Nos meandros da libertinagem,

Eu que me descobri agora

Um homem digno da terra que me engolirá.

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