PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

SINAIS DA TERRA PERDIDA XIII

XIII – VENTOS DO SANGUE NOVO


Acorda! Acorda! Pintaram novos corcéis, novos sangues. Na pátria ferina do meu suadouro, a memória fez catarse em si mesma e em portos sem rochedos, por tudo e na noite temos as pedras, e no mar se avisou a chegada do monstro de milhões de escuros grilhões.

Perto da glória do mar morrem os fachos de luz, queriam voar os filhos de asas, queriam morrer os que morrem por não voar.

Avança a esquadra, os olhos marinhos são salgados como o estrondo de uma hecatombe. A seguir nossa idéia, os campos reluzem de fogo, e os ventos do sangue novo são nossos!

Vem o sangue derramar a vida dos aventureiros, vem a vida derramar o sangue dos aventureiros, vem tudo em nós como se a vida fosse o sangue primeiro.

Acorda! Acorda! Aqui no instante não se guarda o tempo, pois o tempo que é, passa.

Argonauta, náufrago, almirante, nosso sangue é do mar e o mar nos faz admirá-lo, o que se quer no horizonte é alcançá-lo tal como o instante. Mas, o tempo passa e se perde no horizonte, não temos instante ou horizonte, só temos vida, e não a temos por instante, nem por horizonte, o instante que se guarda no horizonte não é a vida.

Por tanto amar o mar, é porque se ama também a vida, e o que fazemos nela é o que se espera, pois no horizonte não está, lá é só o que imaginamos ao olhá-lo, mas não o que somos quando vivemos, com os pés na terra e com a esperança na terra.

Descanso agora, com a visão do horizonte em mim. Sabe-se mais quando se navega acordado, com o sangue fervendo no corpo e a alma de aventureiro. Os ventos levaram o tempo, esperança ainda irradia, a terra é o caminho da pedra, e o mar o caminho da canção. Somos terra, vivemos nela, e do mar só se guarda a poesia.

Pelo caminho se faz o sangue novo correr, seja então a vida o sangue que ainda não morreu, o horizonte que já nasceu, a batalha que se trava nos ventos do caminho, ferro de dureza e céu de fortaleza. Seja a terra o nosso chão firme, e o mar nosso horizonte livre. Seja o Homem forte até a morte, e que não morra sem ter amado.

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