PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

CANÇÃO DO CASTELO

A sorte ao chão se curvou,

no traçado, no rastro da serpente, 

toda enroscada em meu labor,

frutífera, lacônica espada do sol,

luciferiana chama que não se apaga.


Eis o poema, este febril canto,

na sétima centúria o plasma

se modifica, e os versos entremeiam

rios, e este sangue de rio, que é 

um mar castanho claro e escuro, 

que sangra no estuário 

de meu literário sono, 

eis o tempo.


Na ordem templária, 

descortinada toda alquimia, 

nascia a vinha de enxofre,

de cada castelo se tinha

a areia do fim.


Eu vi o rito esfarelado antigo,

bebendo vinho na noite astuta, 

na bem vivida litania.


Querem matar os asnos,

matar os camelos,

atirar nos pássaros.


As leoas pariram

Cérbero, e a tigresa,

mordendo os molares,

cruzou o gelo da Sibéria,

em busca de uma arraia

no Baikal.


Pois, não me surpreendo, estou chapado.

Lá no limo das estepes da Mongólia,

com a cara enfiada no ópio,

estava o novo escritor

destas fábulas azinhavres,

o tradutor fiel e profundo

deste tempo vil da vileza.


Gustavo Bastos, 26/02/2025 - SUBLIME

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