A sorte ao chão se curvou,
no traçado, no rastro da serpente,
toda enroscada em meu labor,
frutífera, lacônica espada do sol,
luciferiana chama que não se apaga.
Eis o poema, este febril canto,
na sétima centúria o plasma
se modifica, e os versos entremeiam
rios, e este sangue de rio, que é
um mar castanho claro e escuro,
que sangra no estuário
de meu literário sono,
eis o tempo.
Na ordem templária,
descortinada toda alquimia,
nascia a vinha de enxofre,
de cada castelo se tinha
a areia do fim.
Eu vi o rito esfarelado antigo,
bebendo vinho na noite astuta,
na bem vivida litania.
Querem matar os asnos,
matar os camelos,
atirar nos pássaros.
As leoas pariram
Cérbero, e a tigresa,
mordendo os molares,
cruzou o gelo da Sibéria,
em busca de uma arraia
no Baikal.
Pois, não me surpreendo, estou chapado.
Lá no limo das estepes da Mongólia,
com a cara enfiada no ópio,
estava o novo escritor
destas fábulas azinhavres,
o tradutor fiel e profundo
deste tempo vil da vileza.
Gustavo Bastos, 26/02/2025 - SUBLIME
Nenhum comentário:
Postar um comentário