PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 22 de abril de 2020

GURUS E CURANDEIROS – PARTE XXVI

“No dia 13 de maio de 2017, o Papa Francisco preside à celebração eucarística e canoniza os pastorinhos 
beatos Francisco e Jacinta Marto.”

A aparição mariana mais importante deste fenômeno que se deu em Fátima com as crianças videntes aconteceu em 13 de Outubro de 1917, como prometido pela própria Nossa Senhora nas aparições precedentes, e este dia foi o mais intenso de todos, incluindo o que viria a ser chamado de “Milagre do Sol”. Houve a presença de cerca de 50 mil pessoas na Cova da Iria, pois as crianças já tinham avisado do milagre que ocorreria neste dia.
Em meio de uma chuva torrencial, apareceu Nossa Senhora sobre a carrasqueira. Depois de Nossa Senhora travar mais um diálogo com Lúcia, a aparição se eleva e tem o reflexo de sua própria luz projetando-se no sol. Lúcia diz então para os presentes para olhar para o sol. E segue o relato de Lúcia : “Desaparecida Nossa Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do Sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul." Era a Sagrada Família. Houve ainda mais dois quadros de visões, com Lúcia vendo todos e Jacinta e Francisco vendo apenas o primeiro. O que a multidão pode observar, contudo, foi o Milagre do Sol.
A chuva que caía cessou e se abriu um sol entre as nuvens, o qual se podia observar diretamente sem se cegar, e a bola começou a girar sobre si mesma como uma roda de fogo, e esta luz intensa se refletia nas pessoas presentes, nas árvores e no solo do local, o que incluía um conjunto de tonalidades brilhantes de diferentes cores. Este globo de luz do sol então seguiu um movimento abrupto, tremeu e depois precipitou em zigue zague de volta a seu lugar, e tais fenômenos foram observados tanto no local como a quilômetros dali. O relato da aparição deste dia foi publicado na imprensa por jornalistas que também tiveram presentes para testemunharem o fenômeno.
O fenômeno foi controverso, com contestações de diversos lados, uns negando a sua existência, e outros tratando este conjunto de fenômenos como não sendo de cunho religioso, e a própria Igreja Católica resistiu, até que em Outubro de 1930 reconheceu as aparições como dignas de crédito. Era, contudo, estranho o efeito destes eventos sobre as crianças videntes, revelando mais a influência de um Deus exigente do Velho Testamento do que o do amor do Evangelho.
Lúcia disse que Jacinta e Francisco eram capazes de passar dias inteiros sem comer, davam a merenda às ovelhas, não bebiam água, mesmo em pleno mês de Agosto, andavam o dia todo, e mesmo durante o sono da noite, com uma corda permanentemente amarrada à cinta, até fazerem sangue, numa espécie de masoquismo religioso. Lúcia acabou sendo retirada de sua terra e para sempre impedida de levar uma vida normal, foi no início internada no Asilo de Vilar, no Porto, e depois foi mandada para a Espanha para viver na clausura como freira pelo resto da vida.
Em 23 de dezembro de 1918 Francisco e Jacinta adoecem de pneumonia e em 4 de abril de 1919 morre Francisco. Em 21 de janeiro de 1920, Jacinta é levada para Lisboa, e fica internada no Orfanato de Nossa Senhora dos Milagres, em fevereiro do mesmo ano se muda para o Hospital de Dona Estefânia, também em Lisboa. Em 20 de fevereiro deste mesmo ano Jacinta morre neste Hospital. Os fenômenos continuam repercutindo e em 3 de maio de 1922 a Provisão do Bispo de Leiria manda instaurar o processo canônico sobre os acontecimentos de Fátima.
Em outubro de 1925 Lúcia é admitida, na Espanha, no Convento das Doroteias, como postulante de noviciado, recebe o hábito e adota o nome de Maria Lúcia das Dores. Lúcia continua tendo as suas visões, e em dezembro de 1925, depois de uma visão, Nossa Senhora pede a Lúcia a divulgação da prática e da comunhão reparadora nos primeiros sábados. Em abril de 1929 se conclui o processo canônico sobre as aparições que tinha se iniciado em maio de 1922.
Lúcia continua tendo visões, e numa delas, em junho de 1929, Nossa Senhora pede a ela a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração. O Bispo de Leiria torna público em outubro de 1930, além de oficial, as aparições de Fátima, elas passam a ser dignas de fé pela Igreja Católica, e é permitido o culto público a Nossa Senhora de Fátima. Em dezembro de 1935 Lúcia escreve o texto sobre a vida de Jacinta, que fica conhecido como “Primeira Memória da Irmã Lúcia”. Em novembro de 1937, Lúcia conclui os escritos sobre a sua vida e as aparições e que fica conhecido como “Segunda Memória da Irmã Lúcia”, aonde se revela pela primeira vez as visões do Anjo.
O Bispo de Leiria tem seu pedido atendido em agosto de 1941, e Lúcia redige novos fatos sobre Jacinta e revela, então, a Primeira e a Segunda parte do Segredo, e ainda existia uma Terceira parte que iria se divulgar mais tarde, o qual seria a “Terceira Memória da Irmã Lúcia”. Em 1941 sai a “Quarta Memória da Irmã Lúcia”, aonde aparece o texto definitivo das Orações do Anjo. Em janeiro de 1944, por ordem do Bispo de Leiria, Lúcia escreve a Terceira parte do Segredo, que é envelopado e selado, e acaba guardado pelo Bispo de Leiria.
Em março de 1948, Lúcia volta para Portugal e ingressa no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, com o nome de Irmã Maria Lúcia do Coração Imaculado. Em outubro de 1950 o Papa Pio XII, às 16:00 h, presencia o Milagre do Sol nos jardins do Vaticano, relata ter visto um globo opaco girando em torno dele, o fenômeno se repete mais três vezes para o Pontífice ainda entre outubro e novembro daquele ano. O Pontífice disse ser uma confirmação celestial à proclamação solene do dogma da Assunção de Maria de corpo e alma aos céus.
Em abril de 1957, o envelope selado com a Terceira parte do Segredo é entregue ao Arquivo Secreto do Santo Ofício, e a Irmã Lúcia é avisada pelo Bispo de Leiria, mas Pio XII não chega a abrir o documento. Em agosto de 1959, o Papa João XXIII toma conhecimento da Terceira parte do Segredo, mas ainda não o torna público. Em maio de 1989, o Papa João Paulo II publica o decreto que proclama a heroicidade das virtudes dos videntes Francisco e Jacinta Marto. Em maio de 2000, o Papa João Paulo II visita Fátima pela última vez para a beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.
Em junho de 2000, o Vaticano publica o texto integral do Terceiro Segredo, acompanhado por um comentário teológico da autoria do então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Em fevereiro de 2005, morre no Carmelo de Coimbra a Irmã Lúcia do Coração Imaculado, da Ordem das Carmelitas Descalças. Em fevereiro de 2008 começa o início da fase diocesana da causa da beatificação de Lúcia, transcorridos apenas três anos da sua morte.
Em março de 2017, o Papa Francisco aprova o milagre necessário para a canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto. Em maio de 2017, o Papa Francisco visita como peregrino o Santuário de Fátima, na comemoração do centenário das Aparições. No dia 13 de maio de 2017, o Papa Francisco preside à celebração eucarística e canoniza os pastorinhos beatos Francisco e Jacinta Marto. Os dois irmãos são os mais jovens santos não mártires na História da Igreja Católica.

(continua)

Link recomendado : Medjugorje - Milagre do Sol | Medjugorje Brasil : https://www.youtube.com/watch?v=CR8rdUxWbNs

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.


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