PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

DIGRESSÕES SUTIS

Paro e penso. As frases têm
escapado como luzes na ribalta.

Um, dois, três, quatro.
A astúcia tem este poder:
demonstração da hipótese,
daydream, farsa,
uma cara borrada no desenho,

paro e descanso de mim mesmo,

face número mil na capa da revista,
os dois felizes, os mil infelizes,
os meio-copo-cheio
e os copos estilhaçados,

eu-pateta com língua de fora,
uma foto antiga no travesseiro
escondida dos bisbilhoteiros,
marcada com coraçõezinhos,
um beijo na testa imaginária,
outro beijo na parede
de batom, a meretriz tinha
peitos sadios, brincava de
amolecê-los, depois de
endurecê-los, os mamilos
impressionistas, o olhar triste,
sem foco, vazio,
ontem li uma carta de suicídio,
és jovem, muito tempo ainda,

eu tento ser o doutor,
analisar os contornos
do conto autobiográfico
que o autor chama de poema,
como se isso importasse,
eu tenho fé em Papai Noel
e acendo velas para o coelhinho
de Alice na páscoa,

nada demais, um beijo sutil
nas partes, uma donzela no
fogo da paixão,
e meu canto obsessivo compulsivo
de querer fazer sinfonia
com cartas úmidas de choro,

perto, ali, com os ases do céu,
a estrela decaída foi um anjo
nos tempos da memória,
o anjo agora é gente,
e arregaça as mangas
para amortizar seu pescoço
a seu carrasco,
e ele o paga em poema
e autobiografia
em pedaços de sonho.

08/02/2017 Gustavo Bastos

Nenhum comentário:

Postar um comentário