PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 6 de julho de 2013

FERMENTO TEMPORAL

As dálias se formam no odor do sol,
pelas águas brutas do cabedal da voz,
umedece o ritmo em torpor febril.

As frias notas do trompete
concentram o sono do feto
em partitura e improviso.

Sente o corpo a nudez esférica do cú,
leve o braço modula o tilintar das pernas.

Para o silêncio resta o poema
em grau verídico de sangue,
portas sedentas de janelas,
varandas explodidas no quintal,
ruas de farândolas na peste do fogo.

Os sombrios lírios espoucam na espuma
de uma baba de raiva que grita no mar.
Versos transcendem na dor dos vinhos
em seus sudários de pratas e rouxinóis.

As litanias sofrem o mau humor
das leveduras de uma canção seca,
ouve-se do universo a letra única
e o tom escuro dos buracos negros,
oxida uma galáxia na supernova,
o tambor vem do céu com os anjos
na beberagem dos poetas anarquistas,
cauda de cometa é o sol na fauna temporal.

A veloz e dura canção
é tormenta e tempestade
de visões,
os cavalos no pé da montanha
lutam com a morte
de uma pedra rolada,
morrem oito homens
e o sangue desce
da montanha
e inunda o corpo
seviciado
das flores roxas
que corroem
o nervo puro
das dores vertidas
do tempo de sol
que iluminou
toda a chuva
no vento
da aurora.

05/07/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)




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